A dor que corrói.....



 Melancolia bate forte nesta hora da noite…deitada em médio de lençóis e um cachorro a servir de calor afetivo, penso de donde eu vim e para onde vou..…avalio a 100% tudo o que já joguei nesta aposta da qual chamamos de vida…e para ser sincera ultimamente já estou a ficar cansada de pagar com lagrimas, desilusões…..a dor é sufocante…..desamparada, tremula, fria…..a garganta automaticamente fecha, o peito aperta e a minha aposta segue e segue aumentando…..ate o rio dos meus olhos secar por completo…..ano de “ups” e “downs” porem sinto que já tenho os joelhos em feridas com traumatismos expostos, as energias esgotam e a solidão abate o meu pensar…sinto que as forças falham e o sentimento de “eu consigo” “não consigo” se instauram….como se de uma luta interna de demónios e anjos num mundo pós-apocalíptico surgisse na camada mais profunda do meu ser….o tombo que levei não foi de todo meigo e sinto-me meia aturdida, apática….mas a realidade é que eu voava numa estrutura improvisada e mal funcional onde eu era a única preocupada com a manutenção, onde no sufoco do pleno voo tentava rever e reinstalar toda componente elétrica..…..acredito que o que custa, não é levar uma facada, não é sentir a epiderme a ser perfurada……o que me custou mais foi ver e reconhecer a pessoa que a sangue frio não se importou de me esfaquear….naqueles milésimos de segundo……conseguir vê-la olhos nos olhos e dar de caras com uma essência da qual não reconhecia…..e ao mesmo tempo que isto tudo decorre no meu imaginar…..sentir que um objeto estranho a mim perfura a minha pele abrindo-a lentamente, o espasmo dos músculos, o mecanismo da dor a ser ativado no meu sistema nervoso, o calor do sangue a correr pelo meu corpo e a minha alma a ser cortada a meio….e é precisamente neste corte e neste rio de sangue criado….que o ritual foi executado abrindo a minha pequena caixa de pandora…..deixando em liberdade todos os demónios acorrentados e esquecidos desde a criação do meu ser…..o mais engraçado de este cenário quimérico… é que a faca virou a Excalibur e eu virei a rocha que nela reside….a faca tamponou a ferida criada.…..e consegui dar usso das poucas energias que tinha para conseguir retirar a espada do rochedo…….porem esta ferida não fechou ainda, não se pode pedir a uma rocha que volte a ser completa depois de ter virado areia…..neste processo alucinado de cura e dispendioso de energia…..ainda tenho de reunir as forças necessárias para derrotar todos estes demónios que foram libertados….aprendendo a ganhar “coragem da coragem” e fazer da “força forças”….transformando o medo em vigor……e o ensinamento da historia se remete na sua essência de que o amor próprio é existencial…..em aprender os nossos limites e não engolir xaropes, ser loucamente genuína, porem sinto que o custo foi muito elevado… já que eu não comecei esta transformação com o meu 100% de vigor…. sinto que realmente se trata de um final de ciclo para um novo recomeço…so que neste momento me encontro no pós-operatório tentando reativar todos os meus sentidos…dado que ainda estou atordoada do efeito anestésico causado pelo impacto da dor…o caminho pela frente não será de todo fácil…os demónios evoluem e cada um tem o seu grau de dificuldade…. e o engraçado no meio disto tudo me sinto sem dentes porem o meu sorriso continua……mesmo com as lagrimas nos olhos

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